Enfermeira atua em hospital de campanha após epidemia em tribo

Enfermeira há 16 anos, Taise Jordão Zanzarini é coordenadora do curso de enfermagem do Centro Universitário de Santa Fé do Sul (Unifunec) e faz parte da diretoria da ONG Univida. 

Conhecida pela proposta de levar jovens universitários a uma vivência extraordinária, a ONG os coloca em contato com populações em risco social, na expectativa que diante desta experiência humanitária tornem-se profissionais conscientes de seu papel social.

Fundada pelo padre Eduardo Lima, a Univida executa missões ecumênicas, ou seja, ela concilia pessoas de diferentes religiões e crenças, para levar um pouco de carinho e cuidado para todos, especialmente os indígenas. Recentemente, Taise e sua equipe estiveram em missão prestando assistência na reserva indígena de Dourados, na aldeia de Jaguaripu, em Mato Grosso do Sul (MS). “Nós ficamos acampados em barracas em uma escola de lá e os índios ficam conosco. Como fomos em julho, fizemos uma festa junina para eles, levamos também cestas básicas e roupas para doação”, conta Taise.

A enfermeira explica que entre os universitários que participam encontram-se estudantes de enfermagem, de medicina, de odontologia, de fisioterapia, de nutrição, de direito e de psicologia. “Esse trabalho tem um cunho assistencial para os índios e um trabalho de humanização para os universitários de diversas regiões do Brasil”, diz.

A missão estava programada para acontecer do dia 5 ao 12 de julho deste ano, entretanto, no segundo dia, ao compartilhar o mesmo banheiro com os índios, os alunos começaram a passar mal, apresentando sintomas sérios de diarreia. Segundo Taise, com auxílio de um dos médicos que estava na missão, os dois começaram a providenciar os cuidados necessários, como, por exemplo, o soro com medicação.

“Fomos conversar com um dos líderes indígenas para alertá-los, pois eles também corriam riscos de se contaminar. E foi aí que tudo ficou mais claro, um deles nos disse que eles estavam com diarreia há uns 15 dias. Então, começamos a lavar os banheiros, a ferver água para fazer soro caseiro, pois não tínhamos medicamentos suficientes. Também realizamos um estudo epidemiológico, abrimos fichas, e todos os profissionais e alunos começaram a agir nessa força tarefa”, explica ela.

Além dos cuidados higiênicos, leitos improvisados foram montados em cima das carteiras escolares, medicamentos foram cedidos por algumas instituições de saúde do município e os alunos conseguiram providenciar algumas cordas para que pudessem ministrar o soro corretamente nos pacientes. De acordo com Taise, mesmo com tão pouco tempo e escassez de recursos, ela e sua equipe conseguiram executar um trabalho extraordinário.

A enfermeira também conta que, em anos de atuação, ela nunca presenciou uma situação como essa. E, a partir da experiência, ela teve a plena certeza da importância da atuação da enfermagem. “Na minha cabeça só vinham imagens dos filmes de guerras, naqueles em que as enfermeiras organizam leitos em lugares sem estrutura e acomodam todos com amor e carinho”.

Para ela, a atuação das equipes de enfermagem fez total diferença no desfecho dessa história. “Como enfermeira, sinto-me honrada e orgulhosa. Fizemos total diferença com o nosso trabalho. Sou apaixonada, trabalho e formo novos enfermeiros, acredito na nossa profissão! O enfermeiro é capaz de transformar a realidade, independente de onde ele estiver, seja ela qual for, por mais difícil que seja”, declara.

 Fonte: Conselho Regional de São Paulo – Coren-SP

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