Idoso desenvolve pele cinza e deixa especialistas intrigados

Última atualização: 22/01/2025

Um mistério médico intrigante está chamando a atenção em Hong Kong. Um homem de 84 anos, que buscou atendimento hospitalar devido a problemas urinários, surpreendeu os médicos ao apresentar uma tonalidade incomum em sua pele, que variava entre cinza e azulada. O caso, registrado recentemente no renomado periódico The New England Journal of Medicine, destacou a rara condição conhecida como argiria, caracterizada pelo acúmulo excessivo de prata no organismo.

Os primeiros sintomas e a descoberta

O paciente procurou atendimento médico devido a dificuldades para urinar. Diagnósticos iniciais apontaram hiperplasia prostática benigna, uma condição comum em homens mais velhos, que causa o aumento da próstata e dificulta a micção. Durante os exames, os médicos observaram uma coloração acinzentada na pele, olhos e unhas do homem, um sintoma que ele já apresentava há pelo menos cinco anos.

Além disso, foi identificada uma lesão renal aguda, decorrente de obstruções no trato urinário. Apesar das diversas investigações clínicas, o histórico do paciente revelou apenas o uso contínuo de finasterida, medicamento destinado ao tratamento da próstata e também utilizado para tratar calvície.

Diagnóstico de argiria e níveis alarmantes de prata

Exames laboratoriais revelaram níveis alarmantes de prata no organismo do paciente: 423 nanomoles por litro, mais de 40 vezes o limite considerado seguro (menos de 10 nanomoles por litro). A substância estava acumulada em diversos tecidos, como glândulas sudoríparas, vasos sanguíneos e a camada intermediária da pele, explicando a mudança de coloração.

O diagnóstico foi fechado como argiria, uma condição rara e irreversível que escurece a pele devido à exposição sistêmica à prata. Acredita-se que a luz solar intensifique o processo ao catalisar reações químicas que formam partículas do metal na pele, semelhante ao que ocorre na revelação de filmes fotográficos.

O mistério permanece

Apesar da investigação minuciosa, a fonte do excesso de prata no organismo do paciente permanece desconhecida. Ele não tinha histórico de contato com prata metálica nem usava produtos como prata coloidal, um suplemento controverso. A ausência de sintomas semelhantes em outros moradores de sua região também descartou contaminação ambiental.

Contexto histórico e implicações da argiria

A argiria foi identificada pela primeira vez no século 19, sendo frequentemente associada a profissões como garimpeiros e artesãos expostos ao metal. Embora não seja considerada fatal, há indícios de que a condição pode estar relacionada a complicações renais e redução da visão noturna, ainda que sem consenso científico.

Casos famosos, como o de Paul Karason, conhecido como “Papai Smurf”, ganharam notoriedade por retratar os efeitos visíveis da condição. No entanto, organismos de saúde como a Anvisa e o FDA desaconselham o uso terapêutico de prata coloidal, considerando seus riscos e eficácia não comprovada.

O caso do idoso em Hong Kong ressalta os desafios enfrentados pela medicina em desvendar condições raras e pouco estudadas. Ele também serve como um alerta sobre os potenciais riscos associados ao uso não regulamentado de substâncias que contêm prata. Veja também Dicas simples para tratar pequenos cortes

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