Última atualização: 18/02/2025
A paralisação dos trabalhadores terceirizados do Hospital Federal do Andaraí, no Rio de Janeiro, revela um cenário de precarização do trabalho e instabilidade financeira dentro do sistema de saúde pública. Funcionários da empresa T & S, responsável pela limpeza da unidade hospitalar, cruzaram os braços devido ao atraso no pagamento de salários, benefícios como vale-alimentação e férias, aprofundando uma crise que se arrasta há meses. A situação dos trabalhadores terceirizados não é um caso isolado. A transição da gestão do hospital da esfera federal para a administração municipal tem sido marcada por impasses e incertezas, resultando em instabilidade para os funcionários e comprometimento dos serviços essenciais.
A greve, iniciada nesta segunda-feira (18), já afeta o funcionamento da unidade, que atende diariamente centenas de pacientes em situação de urgência e emergência.
Funcionários sem pagamento e incerteza na gestão
Os profissionais terceirizados do Hospital do Andaraí relatam que vêm enfrentando atrasos salariais recorrentes e dificuldades para receber seus direitos trabalhistas. Segundo os grevistas, a empresa responsável pelo contrato de serviços de limpeza não cumpriu o pagamento dentro do prazo, prejudicando trabalhadores que dependem do salário para suas despesas básicas.
“Temos contas a pagar, filhos para alimentar, e simplesmente não temos previsão de quando receberemos. A situação se repete há meses, e ninguém nos dá uma resposta concreta”, desabafou um dos funcionários, que preferiu não se identificar.
A transição da gestão da unidade para a prefeitura do Rio de Janeiro, que deveria representar melhorias, ainda não trouxe clareza sobre a regularização dos contratos terceirizados. Segundo fontes internas, a mudança de administração tem provocado dificuldades burocráticas e atrasos no repasse de recursos, impactando diretamente a rotina de trabalhadores e pacientes.
Impactos no atendimento hospitalar
A greve dos terceirizados já afeta o funcionamento do hospital, com setores apresentando acúmulo de lixo e dificuldades na manutenção da higiene dos espaços. Profissionais de saúde relatam que a situação pode comprometer a segurança dos pacientes, aumentando o risco de infecções hospitalares.
“O serviço de limpeza é essencial para o funcionamento do hospital. Sem a equipe de limpeza atuando regularmente, o ambiente hospitalar se torna um risco para os próprios pacientes. Isso não é só uma questão trabalhista, mas também de saúde pública”, afirmou uma enfermeira que trabalha na unidade.
Além da falta de pagamento, a incerteza sobre a continuidade do contrato com a empresa terceirizada preocupa os funcionários, que temem demissões em massa caso não haja uma solução rápida para o problema.
Resposta das autoridades
Até o momento, a administração do hospital não apresentou uma solução concreta para a regularização dos pagamentos, nem forneceu um posicionamento sobre a situação dos trabalhadores. O Ministério da Saúde e a Prefeitura do Rio de Janeiro ainda não esclareceram se haverá uma intervenção para garantir o pagamento dos funcionários e a manutenção dos serviços essenciais.
Enquanto isso, a greve segue sem previsão de término, e os trabalhadores exigem uma resposta imediata das autoridades responsáveis. A paralisação escancara um problema recorrente na gestão pública de saúde: a dependência de terceirizações sem garantias de estabilidade para os trabalhadores, o que impacta diretamente na qualidade do atendimento oferecido à população. Veja também Polícia desmantela quadrilha que aplicava golpes em pacientes de hospital no Rio.