O impacto da saída de um país da OMS: riscos para a saúde global e a pesquisa científica

Última atualização: 07/02/2025

A decisão de um país deixar a Organização Mundial da Saúde (OMS) vai além de uma simples escolha política e pode trazer repercussões significativas para a saúde pública e a ciência global. Recentemente, os Estados Unidos e a Argentina anunciaram sua saída da organização, levantando preocupações sobre o impacto dessa decisão em diversos setores. Além disso, a organização atua na disseminação de informações baseadas em evidências científicas, facilitando a cooperação entre governos, cientistas e profissionais da saúde em todo o mundo.

Efeitos na saúde pública

A OMS é responsável por coordenar esforços internacionais para o controle de doenças, disseminação de vacinas e resposta a emergências sanitárias. Com a saída de um país, o monitoramento e combate a surtos epidêmicos podem ser prejudicados. Sem a cooperação internacional facilitada pela organização, fica mais difícil prevenir e conter a disseminação de doenças, o que pode colocar em risco não apenas a população do país que se retira, mas também outras nações.

Mariângela Simão, ex-diretora-geral adjunta da OMS, alerta que “nenhum país é uma ilha” e que ignorar a cooperação internacional na área da saúde pode trazer consequências graves. Isso é especialmente preocupante em tempos de pandemias, quando a colaboração global se torna essencial para a contenção de vírus e o desenvolvimento de tratamentos.

Consequências para a ciência e a pesquisa médica

Além dos impactos diretos na saúde pública, a saída de um país da OMS afeta o financiamento e o desenvolvimento de pesquisas científicas. Os Estados Unidos, por exemplo, eram um dos maiores contribuintes financeiros da organização e suas instituições de pesquisa colaboravam intensamente com outros países em estudos sobre vacinas, doenças infecciosas e novas tecnologias médicas. Sem esse apoio, muitas iniciativas podem ser comprometidas, reduzindo a velocidade dos avanços científicos.

Outro ponto crítico é a diminuição da troca de informações entre pesquisadores. A OMS serve como um centro de compartilhamento de dados sobre surtos, tratamentos e estratégias de contenção. Sem essa conexão, cientistas de países que se retiram podem ter dificuldades em acessar informações essenciais para suas pesquisas.

Mecanismos de cooperação internacional

Apesar do impacto negativo da saída de países da OMS, existem mecanismos internacionais que podem minimizar os danos. O Regulamento Sanitário Internacional (RSI), por exemplo, continua valendo para países signatários, mesmo que não façam mais parte da organização. Esse regulamento define critérios para declarar emergências de saúde pública e exige que os países signatários compartilhem informações sobre surtos e medidas de contenção.

Além disso, organismos regionais como a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) podem continuar atuando para promover cooperação entre países das Américas. No entanto, a perda de um vínculo direto com a OMS pode significar menos investimentos e dificuldades na obtenção de suporte técnico e científico.

O que esperar do futuro?

Embora o sistema multilateral de saúde tenha mecanismos de adaptação, a saída de países importantes da OMS representa um enfraquecimento da cooperação global em um momento em que desafios sanitários exigem respostas rápidas e coordenadas. Especialistas alertam que a decisão pode ter consequências graves para a população mundial e para o avanço da ciência médica, tornando mais difícil o combate a novas epidemias e a garantia do acesso universal à saúde.

Em um mundo cada vez mais interconectado, decisões unilaterais na área da saúde podem gerar repercussões imprevisíveis. O futuro da cooperação sanitária global dependerá da capacidade das nações em encontrar alternativas eficazes para manter o diálogo e o apoio mútuo, mesmo diante de divisões políticas e estratégicas. Veja também Donald Trump anuncia saída dos EUA da OMS em início de segundo mandato, gerando controvérsia global.

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