O presente e o futuro da assistência à saúde

No Brasil, esse processo iniciou-se na rede privada, em 2008, com a incorporação da robótica em cirurgias, nas quais 3.651 indivíduos utilizaram esse tipo de procedimento em um único hospital privado.

Essa tecnologia está presente nos estados do Ceará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, e, desde 2011, o Sistema Único de Saúde também tem oferecido esse tipo de serviço.

De acordo com a Federação Internacional de Robótica (IFR – International Federation of Robotics), a automatização dos serviços de saúde tem se acelerado nos últimos anos: apenas em 2015, foram comprados 1.325 robôs para o setor da saúde no mundo. Estima-se que esse número ultrapasse os 8 mil e que os investimentos no setor superem os US$ 7 bilhões até o ano de 2019. As maiores tendências na área são os exoesqueletos para reabilitação e uso ergonômico e os sistemas de assistência à saúde, como diagnóstico, cirurgia assistida por robôs e assistência a idosos com necessidades especiais.

Pesquisas relacionadas a sensores têm impactado os sistemas de assistência à saúde e contribuído para o fortalecimento dos cuidados de saúde no ambiente doméstico, pois diversos dispositivos eletrônicos têm sido desenvolvidos para mensurar e analisar informações fisiológicas, fornecendo de imediato dados sobre o estado de saúde dos usuários. A forma de monitoramento dos sinais vitais, os biomarcadores e outras informações fisiológicas fazem parte dos avanços produzidos pela “Internet das coisas” (do inglês IoT – Internet of Things), caracterizada por possuir um dispositivo físico que, em conjunto com outros dispositivos de rede e integrados por um software e sensores coletam informações com o intuito de transmiti-las via wireless.

Levando-se em consideração que o cuidado personalizado deve ser pautado nos fatores biológicos e nas características sociais de cada indivíduo, a IoT é importante para o alcance de resultados superiores. Assim, a IoT é um instrumento capaz de fornecer cuidado personalizado, bem como de preservar a identificação digital dos indivíduos, praticamente tornando o sistema onipresente, efetivo e de baixo custo.

Em alinhamento à tendência dos avanços tecnológicos atuais, previsões futuristas afirmam que diagnóstico e tratamento serão automáticos. Doenças cardiovasculares e o câncer serão completamente eliminados com ajuda de chips de DNA, espalhados pelo ambiente doméstico em roupas, banheiros e espelhos, os quais detectarão qualquer tipo de anormalidade no organismo. As roupas possuirão sensores que perceberão qualquer irregularidade na frequência cardíaca, na respiração e nas ondas cerebrais.

Dessa forma, não é difícil vislumbrar um futuro em que a necessidade de profissionais de saúde seja diferente da atual ou os hospitais, tais como existem hoje, sejam escassos ou não existam mais. A fim de se concretizarem e permitirem mais progresso, as transformações tecnológicas que estão modificando as práticas de cuidado da saúde abrem um leque de possibilidades que geram uma necessidade de adaptação para os profissionais da área. Por exemplo, estima-se que, até 2020, o desenvolvimento tecnológico cause uma perda de aproximadamente 5 milhões de empregos e gere a necessidade de 2 milhões de novos empregos.

Para a sobrevivência de determinadas categorias profissionais, será necessária uma reorganização dos currículos, bem como treinamento e formação contínua dos profissionais em exercício. O presente e o futuro exigem capacidade de aprendizado contínuo sobre as habilidades humanas que garantem o atendimento às necessidades de saúde e bem estar da população e justificam a existência das categorias profissionais, incluindo a Enfermagem, perante a sociedade.

Referência:

Fernandes MNF, Esteves RB, Teixeira CAB, Gherardi-Donato ECS. The present and the future of Nursing in the Brave New World. Rev Esc Enferm USP.
2018;52:e03356. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1980-220X2017031603356

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