Última atualização: 21/01/2025
A Organização Mundial da Saúde (OMS) enfrenta uma de suas maiores crises institucionais após a saída oficial dos Estados Unidos, maior contribuinte financeiro da entidade. A decisão foi formalizada durante a gestão do ex-presidente Donald Trump, que justificou o rompimento com a organização alegando má condução da pandemia de COVID-19 e um suposto alinhamento da OMS com interesses chineses. A medida gerou repercussões globais, levantando preocupações sobre o impacto na saúde pública mundial e no financiamento de programas essenciais coordenados pela OMS.
O papel dos EUA na OMS e seu impacto financeiro
Os Estados Unidos, historicamente, foram os maiores financiadores da Organização Mundial da Saúde, contribuindo com aproximadamente 15% do orçamento total da entidade. As contribuições anuais dos EUA incluíam tanto pagamentos obrigatórios quanto doações voluntárias destinadas a programas específicos, como:
- Erradicação de doenças infecciosas: Investimentos em campanhas de vacinação contra poliomielite e sarampo.
- Fortalecimento de sistemas de saúde em países de baixa renda: Financiamento de programas para treinamento de profissionais de saúde e distribuição de medicamentos essenciais.
- Pesquisa em saúde global: Apoio ao desenvolvimento de novas tecnologias médicas e ao combate a doenças como malária, tuberculose e HIV/AIDS.
Com a saída dos EUA, a OMS perde uma fatia significativa de seus recursos, o que pode comprometer a continuidade de iniciativas críticas em países em desenvolvimento, que dependem desses fundos para combater epidemias e fortalecer seus sistemas de saúde.
As motivações por trás da decisão de Trump
Donald Trump anunciou a saída dos Estados Unidos da OMS em maio de 2020, no auge da pandemia de COVID-19. Segundo o ex-presidente, a organização teria falhado em sua responsabilidade de monitorar e conter a propagação do vírus SARS-CoV-2, acusando-a de ser excessivamente influenciada pela China. Trump afirmou que a OMS não teria pressionado adequadamente o governo chinês para garantir maior transparência nos estágios iniciais do surto em Wuhan.
Além disso, o presidente argumentou que os Estados Unidos estavam contribuindo de forma desproporcional em relação a outros países, destacando a necessidade de uma reforma estrutural na organização. Apesar de críticas internas e internacionais, a decisão foi levada adiante, sendo amplamente vista como parte da estratégia de Trump de reduzir o papel dos EUA em organismos multilaterais.
Repercussões globais da saída dos EUA
A saída dos Estados Unidos gerou uma série de consequências para a OMS e para o cenário global de saúde pública:
- Redução de financiamento para programas globais: Projetos de combate a doenças infecciosas em países vulneráveis enfrentaram cortes, dificultando a distribuição de vacinas e medicamentos.
- Fragilidade no combate a pandemias: Com menos recursos disponíveis, a OMS teve que buscar contribuições emergenciais de outros países e instituições para manter sua capacidade de resposta a crises sanitárias globais.
- Diminuição da influência dos EUA na saúde global: A saída sinalizou um enfraquecimento do papel de liderança dos Estados Unidos em iniciativas de saúde global, enquanto outros atores, como a União Europeia e a China, tentaram preencher o vazio deixado.
- Críticas à politização da saúde pública: Especialistas apontaram que a decisão colocou interesses políticos acima do compromisso com a saúde global, prejudicando populações vulneráveis em um momento crítico.
A preocupação da OMS e dos profissionais de saúde
A Organização Mundial da Saúde expressou “profunda decepção” com a decisão dos Estados Unidos, ressaltando que a cooperação internacional é fundamental para enfrentar desafios globais de saúde. Segundo Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, “este não é o momento para divisões, mas para solidariedade” — uma referência clara à pandemia de COVID-19 e à necessidade de ações coordenadas entre nações.
Os profissionais de saúde também demonstraram grande preocupação com os impactos da decisão. Hospitais e organizações médicas em regiões carentes, que dependem de programas financiados indiretamente pelos EUA via OMS, enfrentaram dificuldades crescentes. A redução no orçamento global da entidade pode desacelerar avanços em áreas críticas, como:
- Desenvolvimento de vacinas e tratamentos.
- Combate a doenças negligenciadas em países de baixa renda.
- Monitoramento e resposta a surtos emergentes.
Além disso, a saída dos EUA da OMS gerou incertezas sobre a capacidade da entidade de responder de forma eficaz a crises futuras. Muitos especialistas acreditam que a lacuna deixada pelo corte de financiamento dos EUA precisará ser preenchida por outros países, o que nem sempre é viável devido a limitações econômicas.
Uma questão de saúde pública global
Embora a saída dos Estados Unidos tenha sido oficialmente concretizada, o debate sobre sua reintegração permanece vivo. Durante a administração seguinte, houve esforços para reverter a decisão, reconhecendo que uma OMS bem financiada é essencial para a saúde global.
O rompimento simboliza um momento de grande polarização na política internacional, mas também destaca a importância de um sistema de saúde global forte e cooperativo. No centro de toda a controvérsia, permanece a preocupação dos profissionais de saúde e da própria OMS em continuar promovendo o acesso universal à saúde, independentemente de divisões políticas ou disputas geopolíticas. Ver Trump nega oposição dos EUA à resolução da OMS.