Última atualização: 29/12/2024
Estamos quase chegando ao final do curso online de Classificação de Risco e Protocolo de Manchester. Neste tópico iremos falar sobre os Modelos de sistemas de classificação de risco; Manchester Triage System (MTS); Emergency Severity Index (ESI); Canadian Triage and Acuity Scale (CTAS); Australasian Triage Scale (ATS) e Protocolo de Acolhimento com Classificação de Risco (PACR) no Brasil. Este conteúdo faz parte do Curso online de Classificação de Risco e Protocolo de Manchester.
Tópico 5: Protocolos e fluxogramas de classificação de risco: modelos e exemplos
5.2. Modelos de sistemas de classificação de risco
5.2.1. Manchester Triage System (MTS)
5.2.2. Emergency Severity Index (ESI)
5.2.3. Canadian Triage and Acuity Scale (CTAS)
5.2.4. Australasian Triage Scale (ATS)
5.2.5. Protocolo de Acolhimento com Classificação de Risco (PACR) no Brasil
5.2. Modelos de Sistemas de Classificação de Risco
Os modelos de sistemas de classificação de risco foram desenvolvidos para organizar e priorizar o atendimento nos serviços de urgência de maneira padronizada e eficiente. Cada modelo possui características específicas, mas todos compartilham o objetivo de garantir que os pacientes em condições mais graves sejam atendidos primeiro, com base em critérios objetivos e embasados cientificamente.
5.2.1. Manchester Triage System (MTS)
- Descrição do Sistema:
- O Manchester Triage System (MTS) é um dos sistemas mais utilizados mundialmente. Ele classifica os pacientes em cinco níveis de prioridade, representados por cores, com base na gravidade da condição clínica e no tempo de espera recomendado.
- Foi desenvolvido no Reino Unido e tem como principal característica o uso de algoritmos que orientam a triagem com base na queixa principal do paciente.
- Categorias de Prioridade:
- Vermelho (Emergente): Atendimento imediato.
- Laranja (Muito Urgente): Atendimento em até 10 minutos.
- Amarelo (Urgente): Atendimento em até 60 minutos.
- Verde (Pouco Urgente): Atendimento em até 120 minutos.
- Azul (Não Urgente): Atendimento em até 240 minutos.
- Vantagens:
- Alto nível de padronização e clareza nos critérios.
- Fácil treinamento e implementação, com algoritmos adaptados para diversas condições clínicas.
Exemplo prático:
Um paciente com dor torácica súbita é rapidamente classificado como “vermelho” (emergente) e recebe atendimento imediato para descartar infarto agudo do miocárdio.
5.2.2. Emergency Severity Index (ESI)
- Descrição do Sistema:
- O Emergency Severity Index (ESI) é um sistema norte-americano que combina a gravidade clínica com a necessidade de recursos diagnósticos e terapêuticos para determinar a prioridade.
- É amplamente utilizado em hospitais nos Estados Unidos e em outras partes do mundo.
- Categorias de Prioridade:
- Nível 1: Emergência – Atendimento imediato (risco iminente de morte).
- Nível 2: Muito Urgente – Condição grave que requer intervenção rápida.
- Nível 3: Urgente – Necessita de múltiplos recursos diagnósticos ou terapêuticos.
- Nível 4: Pouco Urgente – Necessita de um recurso.
- Nível 5: Não Urgente – Não necessita de recursos diagnósticos ou terapêuticos.
- Vantagens:
- Integra a avaliação da gravidade clínica e a previsão de recursos necessários, otimizando o uso dos recursos hospitalares.
- Permite uma triagem detalhada e individualizada.
Exemplo prático:
Um paciente com entorse de tornozelo é classificado como nível 4, necessitando apenas de exame de raio-X, enquanto um paciente com confusão mental é classificado como nível 2.
5.2.3. Canadian Triage and Acuity Scale (CTAS)
- Descrição do Sistema:
- A Canadian Triage and Acuity Scale (CTAS) é amplamente utilizada no Canadá. Ela classifica os pacientes com base na gravidade da condição e nos tempos de espera recomendados para cada nível.
- Foi desenvolvida para padronizar o atendimento em emergências, promovendo a consistência entre diferentes unidades de saúde.
- Categorias de Prioridade:
- Nível 1: Ressuscitação – Atendimento imediato.
- Nível 2: Emergência – Atendimento em até 15 minutos.
- Nível 3: Urgência – Atendimento em até 30 minutos.
- Nível 4: Menos Urgente – Atendimento em até 60 minutos.
- Nível 5: Não Urgente – Atendimento em até 120 minutos.
- Vantagens:
- Baseado em evidências clínicas sólidas.
- Flexível e adaptável a diferentes contextos de saúde.
Exemplo prático:
Uma criança com febre alta, mas responsiva e hidratada, é classificada como nível 3 (urgência), enquanto um paciente em parada cardíaca é classificado como nível 1 (ressuscitação).
5.2.4. Australasian Triage Scale (ATS)
- Descrição do Sistema:
- O Australasian Triage Scale (ATS) é amplamente utilizado na Austrália e na Nova Zelândia. Ele segue um modelo similar ao CTAS, priorizando pacientes com base na gravidade clínica e nos tempos de espera recomendados.
- Categorias de Prioridade:
- Nível 1: Atendimento imediato (emergência).
- Nível 2: Atendimento em até 10 minutos.
- Nível 3: Atendimento em até 30 minutos.
- Nível 4: Atendimento em até 60 minutos.
- Nível 5: Atendimento em até 120 minutos.
- Vantagens:
- Integração com sistemas de monitoramento e análise de desempenho.
- Foco na melhoria contínua com base nos indicadores de qualidade.
Exemplo prático:
Um paciente com dor abdominal moderada é classificado como nível 3, enquanto um paciente com sinais de choque séptico é classificado como nível 1.
5.2.5. Protocolo de Acolhimento com Classificação de Risco (PACR) no Brasil
- Descrição do Sistema:
- O Protocolo de Acolhimento com Classificação de Risco (PACR) foi desenvolvido pelo Ministério da Saúde do Brasil como parte da Política Nacional de Humanização. Ele combina a avaliação clínica com o acolhimento humanizado, priorizando pacientes com base na gravidade e considerando suas necessidades emocionais e sociais.
- Categorias de Prioridade:
- Vermelho (Emergente): Atendimento imediato.
- Laranja (Muito Urgente): Atendimento rápido.
- Amarelo (Urgente): Atendimento em tempo intermediário.
- Verde (Pouco Urgente): Atendimento não prioritário.
- Azul (Não Urgente): Atendimento eletivo.
- Vantagens:
- Integra humanização e classificação de risco.
- Desenvolvido especificamente para a realidade brasileira, considerando as particularidades do SUS.
Exemplo prático:
Um paciente com insuficiência respiratória aguda é classificado como “vermelho” e atendido imediatamente, enquanto um paciente com dor de cabeça leve é orientado a aguardar, sendo classificado como “azul”.
Conclusão
Os diferentes modelos de sistemas de classificação de risco oferecem ferramentas poderosas para organizar e priorizar o atendimento em serviços de urgência, garantindo eficiência e segurança. Cada sistema é adaptado a contextos específicos, mas todos compartilham o compromisso de salvar vidas por meio de decisões rápidas e embasadas em evidências. A escolha do modelo ideal depende das características locais, mas a implementação de qualquer sistema deve ser acompanhada de capacitação contínua para garantir sua eficácia.
Este conteúdo faz parte do Curso online de Classificação de Risco e Protocolo de Manchester.