Técnicas de avaliação clínica na triagem

Última atualização: 29/12/2024

A avaliação clínica na triagem é um processo essencial para identificar rapidamente a gravidade do paciente e priorizar seu atendimento. Ela envolve técnicas de anamnese e exame físico direcionado, a coleta e análise de sinais vitais, além do reconhecimento de sinais de urgências e emergências. Essas técnicas permitem uma triagem precisa e segura, orientada por critérios objetivos. Este conteúdo faz parte do Curso online de Classificação de Risco e Protocolo de Manchester.

Tópico 6: Abordagens de triagem e identificação de prioridades no atendimento

6.4. Técnicas de avaliação clínica na triagem
6.4.1. Realização de anamnese e exame físico focado
6.4.2. Identificação e monitoramento de sinais vitais
6.4.3. Reconhecimento de sinais e sintomas de urgências e emergências


6.4.1. Realização de Anamnese e Exame Físico Focado

  1. Anamnese Direcionada:
    • Durante a triagem, a anamnese deve ser breve e focada nos aspectos mais relevantes da queixa principal do paciente.
    • Elementos principais da anamnese:
      • Queixa principal: Descrição do problema que levou o paciente a buscar atendimento.
      • Início e evolução: Quando os sintomas começaram e como progrediram.
      • Características específicas: Intensidade, localização, fatores desencadeantes ou de alívio.
      • História médica prévia: Doenças crônicas, cirurgias, alergias e uso de medicamentos.
      • Fatores de risco: Tabagismo, etilismo, histórico familiar, entre outros.
  2. Exame Físico Focado:
    • Realizado de forma rápida e direcionada à queixa principal.
    • Aspectos avaliados incluem:
      • Aparência geral: Estado de alerta, postura, sinais de desconforto ou dor.
      • Inspeção visual: Presença de lesões, sangramentos, inchaços ou deformidades.
      • Palpação: Em casos de dor abdominal ou trauma, avaliação de áreas sensíveis ou rígidas.
      • Ausculta breve: Exame de sons respiratórios ou cardíacos quando necessário.

Exemplo prático:

Um paciente com queixa de dor abdominal apresenta desconforto à palpação no quadrante inferior direito. O enfermeiro correlaciona a informação com uma possível apendicite, classificando o caso como “urgente” (amarelo).


6.4.2. Identificação e Monitoramento de Sinais Vitais

  1. Importância dos Sinais Vitais:
    • Sinais vitais são indicadores objetivos do estado clínico do paciente e são fundamentais para a classificação de risco.
    • Eles ajudam a identificar alterações graves que requerem intervenção imediata.
  2. Parâmetros Avaliados:
    • Temperatura corporal: Febre alta pode indicar infecção grave, enquanto hipotermia é um sinal de choque ou exposição ao frio.
    • Pressão arterial: Hipotensão pode indicar choque, enquanto hipertensão grave pode estar associada a emergências como AVC ou infarto.
    • Frequência cardíaca: Taquicardia pode ser um sinal de dor, febre ou choque; bradicardia pode indicar problemas cardíacos graves.
    • Frequência respiratória: Alterações sugerem insuficiência respiratória ou acidose metabólica.
    • Saturação de oxigênio: Valores abaixo de 90% indicam hipoxemia e necessidade de suporte imediato.
  3. Monitoramento Contínuo:
    • Pacientes em espera devem ter os sinais vitais monitorados periodicamente para identificar mudanças na condição clínica.
    • Sinais fora dos limites normais exigem reavaliação e possível reclassificação.
Exemplo prático:

Um paciente com insuficiência respiratória apresenta frequência respiratória de 30 movimentos por minuto e saturação de 85%. O enfermeiro classifica o caso como “emergente” (vermelho) e inicia o suporte de oxigênio enquanto aguarda a equipe médica.


6.4.3. Reconhecimento de Sinais e Sintomas de Urgências e Emergências

  1. Sinais de Emergência:
    • Alteração no nível de consciência: Letargia, confusão ou ausência de resposta podem indicar hipoglicemia, AVC ou trauma craniano.
    • Dificuldade respiratória: Dispneia, cianose ou uso de musculatura acessória sugerem insuficiência respiratória.
    • Dor torácica: Especialmente se irradiada para braço ou mandíbula, associada a infarto agudo do miocárdio.
    • Hemorragia ativa: Sangramentos intensos exigem intervenção imediata para prevenir choque hipovolêmico.
    • Sinais de choque: Pele fria e pegajosa, taquicardia, hipotensão.
  2. Sinais de Urgência:
    • Febre persistente: Em pacientes imunossuprimidos ou crianças pequenas, febre alta pode indicar infecções graves.
    • Dor intensa localizada: Pode estar associada a condições como apendicite ou cálculos renais.
    • Edema e dor em extremidades: Sinais sugestivos de trombose venosa profunda.
  3. Raciocínio Clínico Rápido:
    • O enfermeiro deve correlacionar os sinais e sintomas apresentados com possíveis diagnósticos diferenciais, garantindo que condições graves sejam rapidamente identificadas.
  4. Populações Específicas:
    • Crianças, idosos e gestantes podem apresentar manifestações atípicas de doenças graves, exigindo avaliação mais detalhada.
Exemplo prático:

Um paciente com queixa de dor no peito relata que a dor piora ao respirar profundamente. O enfermeiro identifica sinais de tromboembolismo pulmonar, como taquicardia e saturação baixa, classificando o caso como “muito urgente” (laranja).


Conclusão

As técnicas de avaliação clínica na triagem são essenciais para garantir que pacientes em condições graves sejam rapidamente identificados e priorizados. A realização de anamnese e exame físico focado, a coleta e monitoramento de sinais vitais e o reconhecimento precoce de sinais de urgências e emergências são pilares fundamentais para a segurança e eficiência do atendimento. A precisão na aplicação dessas técnicas resulta em uma triagem mais eficaz e na melhora dos desfechos clínicos.

Este conteúdo faz parte do Curso online de Classificação de Risco e Protocolo de Manchester.

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