O rico trabalho de Elizete Passos, descreve as ideologias e valores na formação de enfermeiras.
O estudo procura identificar, o perfil seguido pelas enfermeiras ao longo dos tempos, visando compreender como a Escola lidou com este mito, como enfrentou a histórica dicotomia entre curar e cuidar (a primeira tida como uma prerrogativa da medicina, e assim dos médicose dos homens, e a segunda, como função da enfermagem, da enfermeira e da mulher), e que tipo de conteúdo valorativo ela passou para suas alunas, ao longo de sua história, em relação à postura que deviam ter diante dessa situação de desigualdade.
Procuramos identificar também os valores que têm definido a enfermagem como uma prática abnegada, de submissão, de doação e de servir, como eles foram se configurando ao longo das cinco décadas de existência da Escola. Bem como as consequências que as possíveis mudanças de mentalidade trouxeram para a condição da mulher baiana, principalmente em que momento o Curso de Enfermagem da UFBA ganhou identidade:
a enfermagem, feições de profissão e a enfermeira ultrapassou o status de “anjo” e chegou ao de mulher.
Com esses propósitos, o trabalho está estruturado em quatro capítulos: a enfermagem e sua destinação feminina; a reprodução das relações de gênero na enfermagem brasileira; uma prática de formação de mulheres
enfermeiras e Anjos e Mulheres.
Capítulo 01: A enfermagem e sua destinação feminina.
Neste capítulos, procura-se estabelecer o estatuto da enfermeira discutindo o seu conceito, o seu objeto de estudo e de trabalho, e quem a tenha exercido.
Capítulo 02: A reprodução das relações de gênero na enfermagem brasileira.
Neste capítulo, visa identificar a ideologia subjacente na prática da enfermagem no Brasil, em especial, nas escolas de enfermagem, procurando compreender como ela definia o perfil da profissional de modo a reproduzir, ou não, as relações de poder entre os sexos. Assim, são analisados: o espírito de servir como sendo um principio ideológico da enfermagem; respeito à hierarquia; a norma a serviço da reprodução das relações de gênero no seio da enfermagem e o perfil de uma enfermeira.
Capítulo 03: Uma prática de formação de mulheres enfermeiras
Neste capítulo, é feito uma análise da experiência educativa desenvolvida na Escola de Enfermagem, entre a segunda metade da década de 1940 até os anos de 1990, visando compreender em que ela servia para veicular valores capazes de legitimar a enfermagem como uma profissão secundária e dependente, própria dos anjos, e onde conseguiu superar essa tradição e atingir a situação de mulheres, ou seja, seres independentes e conscientes, capazes de traçarem os seus próprios caminhos.
Capítulo 04: Anjos e mulheres.
Nele, procura-se entender como a escola de Enfermagem incorporou os conceitos e os preconceitos da enfermagem, onde manteve a visão conservadora de que a enfermeira precisava ser solidária, fraterna, devotada, de forma a esquecer–se de si mesma e de suas lutas.
Para baixe e leia o trabalho De Anjos a Mulheres.
Referência:
PASSOS, E. De anjos a mulheres: ideologias e valores na formação de enfermeiras [online]. 2nd ed.
Salvador: EDUFBA, 2012, 198p. ISBN 978-85-232-1175-2. Available from SciELO Books