Última atualização: 30/12/2024
O exame físico em pacientes com alterações respiratórias é uma etapa essencial para avaliar o estado pulmonar, identificar sinais de insuficiência respiratória e orientar intervenções clínicas. Alterações no padrão respiratório, sons pulmonares e troca gasosa podem indicar doenças como asma, pneumonia, DPOC ou insuficiência respiratória aguda. Um exame detalhado e bem conduzido é crucial para diagnosticar e monitorar essas condições.
Ver também: Principais etapas do exame físico: inspeção, palpação, percussão e ausculta
Objetivos do exame físico respiratório
- Identificar sinais de desconforto respiratório e comprometimento pulmonar.
- Monitorar alterações funcionais e a eficácia de terapias respiratórias.
- Detectar sinais precoces de insuficiência respiratória.
- Auxiliar no diagnóstico de doenças agudas e crônicas do sistema respiratório.
Componentes do exame físico respiratório
- Inspeção:
- Padrão respiratório:
- Observe a frequência, ritmo e profundidade das respirações.
- Alterações como taquipneia, bradipneia ou respiração de Cheyne-Stokes podem indicar patologias específicas.
- Uso de musculatura acessória:
- Verifique retrações intercostais, supraesternal ou uso dos músculos do pescoço.
- Cianose:
- Presença de coloração azulada nos lábios ou extremidades pode indicar hipóxia.
- Forma do tórax:
- Identifique deformidades, como tórax em barril (comum na DPOC) ou assimetria no movimento torácico.
- Padrão respiratório:
- Palpação:
- Expansibilidade torácica:
- Coloque as mãos nas bases pulmonares e peça para o paciente respirar fundo; observe simetria no movimento.
- Redução unilateral pode indicar pneumotórax, derrame pleural ou consolidação pulmonar.
- Fremito torácico:
- Palpe o tórax enquanto o paciente repete palavras como “trinta e três”; alterações podem indicar consolidação (fremito aumentado) ou derrame pleural (fremito diminuído).
- Expansibilidade torácica:
- Percussão:
- Sons pulmonares:
- Normal: Som claro e ressonante.
- Anormal:
- Hiperressonância: Indica excesso de ar, como em pneumotórax.
- Macicez: Sugere consolidação ou derrame pleural.
- Sons pulmonares:
- Ausculta:
- Sons respiratórios normais:
- Murmúrios vesiculares são suaves e uniformes.
- Sons adventícios:
- Crepitações: Indicam líquido nos alvéolos, como em pneumonia ou edema pulmonar.
- Roncos: Sugerem secreções nas vias aéreas grandes.
- Sibilos: Indicativos de obstrução das vias aéreas, comum em asma ou DPOC.
- Atrito pleural: Indica inflamação da pleura, como em pleurisia.
- Sons respiratórios normais:
- Sinais vitais e monitoramento:
- Frequência respiratória: Normal entre 12-20 irpm; taquipneia pode indicar desconforto ou insuficiência respiratória.
- Saturação de oxigênio (SpO₂): Avaliar níveis de oxigênio no sangue; valores abaixo de 90% indicam hipóxia.
- Gasometria arterial: Identificar alterações como hipoxemia ou hipercapnia.
Achados clínicos e suas interpretações
- Insuficiência respiratória aguda:
- Taquipneia, uso de musculatura acessória, cianose e saturação de O₂ baixa (<90%).
- Sons adventícios, como sibilos ou crepitações bilaterais.
- Asma:
- Sibilos audíveis, taquipneia, uso de musculatura acessória e redução da saturação.
- Pneumonia:
- Macicez à percussão, crepitações localizadas e fremito torácico aumentado.
- Derrame pleural:
- Redução unilateral na expansibilidade, fremito diminuído, macicez à percussão e ausência de murmúrio vesicular no local afetado.
- Pneumotórax:
- Hiperressonância à percussão, ausência de murmúrios vesiculares e redução na expansibilidade do lado afetado.
Exemplo prático de exame físico respiratório
Imagine um paciente com queixa de falta de ar e tosse produtiva há três dias:
- Inspeção: Taquipneia (24 irpm), cianose nos lábios, movimento torácico assimétrico.
- Palpação: Fremito torácico aumentado no lado direito.
- Percussão: Macicez no hemitórax direito.
- Ausculta: Crepitações no hemitórax direito.
Interpretação: Achados indicam possível pneumonia, necessitando de confirmação diagnóstica e intervenção imediata.
Cuidados durante o exame físico respiratório
- Garantir conforto: Posicione o paciente adequadamente, especialmente em casos de dispneia severa.
- Priorizar segurança: Monitore continuamente a saturação de oxigênio em pacientes graves.
- Comunicação efetiva: Explique cada etapa do exame para reduzir a ansiedade do paciente.
O exame físico respiratório é uma ferramenta indispensável na prática clínica, permitindo a identificação precoce de alterações pulmonares e a orientação de intervenções. Realizado de forma sistemática e detalhada, ele contribui para o cuidado eficaz e seguro de pacientes com alterações respiratórias. O enfermeiro desempenha um papel central nesse processo, monitorando os sinais e garantindo a segurança do paciente. Ver também Os idosos são as maiores vítimas da pneumonia.