O que é a classificação de risco na enfermagem?

O que é a classificação de risco na enfermagem?

A classificação de risco na enfermagem surgiu a partir da necessidade de melhorar a organização e a eficiência dos serviços de saúde, especialmente em situações de alta demanda e escassez de recursos. É um processo sistemático que visa avaliar a gravidade do estado de saúde de um paciente em uma determinada situação, com base em uma série de indicadores clínicos, sociais e psicológicos.

O objetivo da classificação de risco é identificar as necessidades de atendimento e definir as prioridades de intervenção, garantindo que os pacientes mais graves recebam atendimento imediato e adequado.

A classificação de risco pode ser realizada em diferentes ambientes de saúde, como hospitais, unidades de pronto atendimento (UPAs), ambulatórios e consultórios. Ela é feita por profissionais de saúde, especialmente enfermeiros, que utilizam protocolos e instrumentos específicos para classificar os pacientes de acordo com o grau de complexidade de seu quadro clínico.

A classificação de risco é importante porque permite uma triagem mais eficiente e justa dos pacientes, garantindo que aqueles que necessitam de atendimento mais urgente sejam atendidos de forma prioritária. Além disso, ela também ajuda a reduzir o tempo de espera nos serviços de saúde, aumentando a qualidade e a efetividade do atendimento prestado.

Como surgiu?

A classificação de risco surgiu no contexto da saúde e da enfermagem, com o objetivo de melhorar a organização e a eficiência dos serviços de saúde. Não há um local específico de origem da classificação de risco; ela foi desenvolvida ao longo do tempo em diferentes países e regiões do mundo.

O modelo mais antigo de classificação de risco conhecido foi desenvolvido no final da década de 1960, na Inglaterra, para identificar pacientes que necessitavam de cuidados intensivos em unidades de terapia intensiva (UTIs). A partir daí, a classificação de risco começou a ser amplamente utilizada em serviços de emergência e urgência em todo o mundo, com o objetivo de reduzir o tempo de espera e garantir que os pacientes mais graves fossem atendidos primeiro, de acordo com o grau de complexidade de seu quadro clínico.

Hoje em dia, existem vários protocolos e instrumentos de classificação de risco na enfermagem, adaptados para diferentes contextos e níveis de atendimento. Eles são utilizados por enfermeiros e outros profissionais de saúde para avaliar a gravidade do estado de saúde do paciente e definir as prioridades de atendimento, visando garantir uma assistência mais eficiente e qualificada.

O que é avaliado na classificação de risco ?

Na classificação de risco na enfermagem, são avaliados vários aspectos relacionados ao estado de saúde do paciente, incluindo:

  1. Sinais vitais: são medidas como temperatura, pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória, que ajudam a avaliar o estado geral do paciente e detectar alterações que possam indicar um quadro de risco.
  2. Queixas e sintomas: são avaliados os sintomas apresentados pelo paciente, como dor, náusea, vômito, tontura, entre outros.
  3. Histórico clínico: são considerados fatores como idade, comorbidades, alergias, cirurgias prévias, medicamentos em uso, entre outros, que podem influenciar o estado de saúde do paciente.
  4. Gravidade da condição clínica: é avaliado o grau de complexidade do quadro clínico do paciente, com base em critérios específicos, como a escala de coma de Glasgow.
  5. Critérios sociais e psicológicos: são considerados fatores como suporte social, condições de vida, saúde mental, entre outros, que podem afetar o tratamento e a evolução do quadro clínico.

Com base na avaliação desses aspectos, o enfermeiro ou profissional de saúde responsável pela classificação de risco define a gravidade do quadro clínico do paciente e estabelece uma prioridade de atendimento, visando garantir que os pacientes mais graves recebam atendimento imediato e adequado.

O que o Ministério da Saúde fala sobre a classificação de risco?

O Ministério da Saúde do Brasil tem recomendações específicas sobre a classificação de risco na atenção às urgências e emergências. Essas recomendações visam garantir um atendimento mais eficiente e humanizado aos pacientes, priorizando os casos mais graves e complexos.

De acordo com o Ministério da Saúde, a classificação de risco deve ser realizada por profissionais de saúde capacitados, seguindo um protocolo validado e adaptado para a realidade local. O objetivo é garantir uma avaliação padronizada e objetiva do estado de saúde do paciente, levando em consideração aspectos clínicos, sociais e psicológicos.

O Ministério da Saúde também recomenda que a classificação de risco seja realizada de forma sistemática e contínua, com atualizações periódicas do estado de saúde do paciente. Isso permite que os profissionais de saúde possam reavaliar a prioridade de atendimento e realizar intervenções adequadas em cada momento.

Além disso, o Ministério da Saúde destaca a importância da comunicação clara e transparente com o paciente e seus familiares, explicando o processo de classificação de risco e os motivos pelos quais um paciente pode ter que aguardar mais tempo pelo atendimento. Isso contribui para um atendimento mais humanizado e acolhedor, mesmo em situações de alta demanda e escassez de recursos.

O que o Cofen fala sobre a classificação de risco?

O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) é o órgão responsável pela regulamentação e fiscalização do exercício profissional dos enfermeiros no Brasil. Em relação à classificação de risco na enfermagem, o COFEN tem algumas normas e recomendações importantes.

De acordo com a Resolução Cofen nº 661/2021, a classificação de risco deve ser realizada privativamente por enfermeiros capacitados e devidamente habilitados, que tenham conhecimento sobre os protocolos e instrumentos de avaliação utilizados para esse fim. É importante que o enfermeiro que realiza a classificação de risco tenha autonomia para definir a prioridade de atendimento do paciente, conforme a gravidade do seu quadro clínico. É uma atividade vedada para técnicos de enfermagem.

O COFEN destaca ainda a importância da segurança do paciente no processo de classificação de risco, garantindo que a priorização do atendimento seja baseada em critérios clínicos e objetivos, e não em fatores como status social, poder aquisitivo ou outras formas de discriminação.

Além disso, o COFEN recomenda que o processo de classificação de risco seja transparente e comunicado ao paciente e seus familiares, de forma a garantir a participação ativa dos mesmos no processo de tomada de decisão sobre o seu próprio cuidado.

Por fim, o COFEN destaca a importância da atualização constante dos protocolos e instrumentos de classificação de risco, de forma a garantir a eficácia e segurança desse processo na assistência à saúde.

Referências

  1. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Acolhimento nas práticas de produção de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.
  2. Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Resolução COFEN nº 358/2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem, e dá outras providências.
  3. Diretrizes para a classificação de risco em serviços de urgência. Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado.
  4. Martins HMB, Rocha JES, Oliveira LTA, Castro CL, Franco TB. Sistematização da assistência de enfermagem em urgência e emergência: revisão integrativa. Rev Bras Enferm. 2019;72(5):1338-1351. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0393
  5. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.600, de 7 de julho de 2011. Reformula a Política Nacional de Atenção às Urgências e institui a Rede de Atenção às Urgências no Sistema Único de Saúde (SUS). Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt1600_07_07_2011.html

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