Última atualização: 23/01/2025
Um caso que chocou a comunidade médica e a opinião pública envolve o cirurgião plástico Renato Tatagiba, condenado a 2 anos e 4 meses de prisão em regime aberto pela perda parcial da visão de uma paciente após um procedimento estético. A decisão, proferida pela juíza Juliana Trajano de Freitas Barão no último dia 17 de janeiro, ainda é de primeira instância e cabe recurso. Além da pena de prisão, o médico foi sentenciado a pagar uma indenização de R$ 300 mil e uma multa equivalente a 50 salários-mínimos.
O procedimento e as consequências
A paciente Shirian Saraeian, iraniana-brasileira, contratou os serviços do cirurgião para realizar uma abdominoplastia e uma lipoescultura no dia 30 de abril de 2021, no Hospital Saint Peter, em São Paulo. De acordo com a defesa de Shirian, antes do procedimento, ela passou por exames que confirmaram sua boa saúde, sem comorbidades que pudessem contraindicar as cirurgias.
Porém, após a realização do procedimento, Shirian relatou sérias complicações. Ao acordar, apresentou dificuldade para respirar e tontura. Dois dias depois, perdeu subitamente a visão do olho esquerdo, situação que também começou a afetar o olho direito. Em 21 de maio, três semanas após a cirurgia, ela foi diagnosticada com cegueira parcial.
Demora no atendimento
Um dos agravantes do caso foi a demora no atendimento por parte do médico após o surgimento dos primeiros sintomas. Shirian tentou contatar o cirurgião várias vezes, mas, segundo sua defesa, ele demorou a oferecer uma resposta ou solução. Essa falta de assistência imediata teria contribuído para o agravamento da condição da paciente.
A relação entre Shirian e Renato Tatagiba
Shirian conheceu o cirurgião plástico através das redes sociais, onde ele promovia seus serviços e acumulava uma grande base de seguidores – cerca de 170 mil no Instagram. Em suas publicações, Tatagiba destacava sua experiência, alegando ter realizado mais de 25 mil cirurgias.
Esse caso levanta questões importantes sobre a influência das redes sociais na tomada de decisões dos pacientes e a responsabilidade dos médicos ao utilizar essas plataformas para promover seus serviços.
A decisão judicial
A juíza Juliana Trajano considerou a negligência no atendimento pós-operatório e as consequências graves para a vida da paciente como elementos determinantes para a condenação. O regime aberto permite que o médico não cumpra a pena em reclusão, mas sua obrigação de indenizar a vítima reflete o reconhecimento do dano irreversível causado.
Impactos na confiança nos procedimentos Estéticos
Casos como o de Shirian evidenciam os riscos dos procedimentos estéticos, mesmo quando realizados por profissionais experientes. Embora raras, complicações como perda de visão podem ocorrer em procedimentos que envolvem injeções de gordura ou outras substâncias, especialmente se houver embolia gordurosa ou outros eventos adversos.
Redes Sociais e responsabilidade profissional
A utilização das redes sociais como meio de divulgação de serviços médicos tem crescido nos últimos anos. No entanto, é fundamental que os profissionais da saúde mantenham a transparência sobre os riscos dos procedimentos e não induzam os pacientes a falsas expectativas. O caso também reforça a importância de regulamentos mais rigorosos para a publicidade médica.
Ação penal e ação cível
Além da ação penal que resultou na condenação de Renato Tatagiba, Shirian também move uma ação cível, ainda em fase de perícia, para buscar mais reparos pelos danos sofridos. O desfecho desse caso será acompanhado de perto pela comunidade jurídica e médica, servindo como referência para futuros julgamentos de situações semelhantes.
O caso de Shirian Saraeian é um alerta sobre a importância de escolhas informadas e criteriosas tanto por parte dos pacientes quanto dos profissionais de saúde. A segurança, o preparo e o atendimento pós-operatório são pilares essenciais para minimizar riscos e garantir a confiança na medicina estética. Além disso, destaca a necessidade de regulamentações mais rigorosas sobre a publicidade médica nas redes sociais e o cumprimento do dever de assistência por parte dos profissionais da saúde. Ver Enfermagem estética: compreenda a polêmica.