Última atualização: 23/03/2025
Um caso trágico ocorrido na Irlanda reacendeu debates sobre os riscos do consumo exagerado de água e a responsabilidade médica. Sean O’Donnell, um homem saudável, foi submetido a uma orientação médica que exigia alta ingestão de líquidos como preparação para um procedimento clínico de rotina. Contudo, a falta de monitoramento e acompanhamento adequado durante esse processo culminou em sua morte poucas horas depois. O incidente resultou na condenação do Hospital Universitário St. Vincent, situado em Dublin, que reconheceu falhas graves na condução do caso e foi obrigado a indenizar a família da vítima.
Procedimento rotineiro termina em tragédia
Em janeiro de 2020, Sean foi aconselhado por profissionais de saúde a ingerir grandes quantidades de água em preparação para um procedimento não especificado judicialmente. No entanto, apesar da recomendação, não houve qualquer controle da quantidade de líquido consumido nem supervisão adequada do paciente durante esse período.
O excesso de água provocou uma rara e perigosa condição médica chamada hiponatremia, caracterizada pela diluição extrema do sódio no sangue.
Falha no cuidado e consequência fatal
No mesmo dia, Sean começou a apresentar sintomas graves. Ele sofreu inchaço cerebral, convulsões e, por fim, uma parada cardíaca, vindo a falecer. O hospital admitiu que houve negligência no acompanhamento do paciente e violação do dever de cuidado.
Como resultado, a Justiça irlandesa determinou o pagamento de uma compensação de € 35 mil (cerca de R$ 216 mil) à família, reconhecendo o erro institucional.
O perigo invisível da hiponatremia
Embora seja amplamente divulgado que a ingestão de água é benéfica para o organismo, poucos sabem que o excesso pode se tornar letal. Especialistas explicam que consumir cerca de 1,4 litro de água em uma única hora já pode desencadear a hiponatremia em algumas pessoas. A condição é especialmente perigosa porque o cérebro, confinado dentro do crânio, não tem espaço para se expandir, o que pode levar à pressão intracraniana, convulsões e morte.
Indivíduos com problemas renais são particularmente suscetíveis, pois têm dificuldade em eliminar o excesso de líquidos. Além disso, atletas e pacientes em uso de medicamentos que estimulam a sede, como certos antidepressivos, também estão em maior risco. Estima-se que a hiponatremia leve à morte em um a cada quatro casos diagnosticados.
Repercussões históricas e atuais
Estudos recentes sugerem que o famoso artista marcial Bruce Lee, morto em 1973 aos 32 anos, pode ter sofrido da mesma condição. Embora a causa de sua morte tenha sido atribuída ao uso de analgésicos, evidências contemporâneas apontam que o consumo elevado de água pode ter contribuído para o edema cerebral detectado na época.
Sintomas iniciais de hiponatremia incluem náuseas, cãibras, fadiga e confusão mental. O tratamento, quando realizado a tempo, geralmente consiste na administração intravenosa de soro salino e medicamentos específicos. Profissionais de saúde enfatizam a importância de equilibrar a hidratação e alertam sobre os perigos de ingerir grandes volumes de água em curtos períodos sem necessidade clínica e sem supervisão. Veja também Tragédia em academia no RS: mulher morre após cair do segundo andar durante exercício.