Florence Nightingale considerada a percussora dos cuidados em saúde, nasceu em Florença na Itália em 1820, no seio de uma família tradicional britânica.
Diferenciada das demais mulheres da época Florence decidiu que não seguiria seu caminho como uma esposa submissa,mas iria dedicar-se a caridade, aos enfermos direcionado sua vida a enfermagem.
Ficou conhecida como A dama da lâmpada, pois utilizava tal instrumento para melhor visualizar os doentes durante a noite. Em meados do século do XIX durante a guerra da Criméia, Florence Nightingale preocupou-se em selecionar os soldados em estado mais grave, acomodando-os num ambiente para o cuidado imediato, na atualidade surge então a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). No decorrer dos anos a tecnologia cada vez mais se intensifica no âmbito da área da saúde, com grandes avanços tecnológicos buscando proporcionar que as pessoas vivam mais com uma melhor qualidade de vida.
Na prática da enfermagem, a tecnologia avança em busca da melhoria do cuidado ao paciente e da melhoria do ambiente de trabalho. A tecnologia transformou a prática de enfermagem no local de trabalho, não só em termos de máquinas e equipamentos usados, mas as habilidades que desenvolvemos e o conhecimento que possuímos, os valores que defendemos e a importância da enfermagem para a sociedade. (BARNARD,1999).
De acordo com MEHRY et al. (1997), na área da enfermagem a tecnologia é dividida em leve, leve-dura e dura.
Tecnologia leve: que se expressa como o processo de produção da comunicação, das relações, de vínculos que conduzem ao encontro do usuário com necessidades de ações de saúde.Tecnologia leve-dura: incluindo os saberes estruturados representados pelas disciplinas que operam em saúde, a exemplo da clínica médica, odontológica, epidemiológica, entre outras
Tecnologia dura: representada pelo material concreto como equipamentos, mobiliário tipo permanente ou de consumo. Segundo Nietsche (2005), através da inovação tecnológica caracterizada por profundas e constantes mudanças, são colocados à disposição dos profissionais e usuários os diversos tipos de tecnologias:
Educacionais: pesquisas, ensinos, teorias, técnicas para inovação da educação, de forma a disponibilizar maneiras atualizadas de troca de saberes entre educadores e estudantes.
Gerenciais: permite uma visão baseada no diálogo entre os sujeitos, proporcionando aos profissionais e clientes uma interação com disposição para o ato de falar e escutar, de modo a proporcionar um ambiente de trabalho prazeroso, de satisfação e ensino-aprendizagem. Assistenciais: incluem a formação de um conhecimento técnico-científico proveniente de investigações, teorias e da experiência entre profissionais-usuários.
O contexto da assistência à enfermagem vem sendo influenciado por mudanças no âmbito da tecnologia, gerando inquietações e indagações sobre os benefícios, riscos e as relações existentes entre trabalhadores, doentes e o manuseio desses equipamentos como instrumentos indispensáveis ao cuidado de enfermagem. Principalmente nas unidades de terapia intensiva(UTIs), a assistência ao cliente em estado crítico envolve a utilização de recursos específicos exigindo dos enfermeiros, conhecimentos e aptidão tanto para operacionalizar as máquinas quanto a sua adequação às necessidades de quem precisa dela (SCHWONKE et al., 2011).
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI), é um local com equipamentos de tecnologia de ponta, destinada a pacientes que necessitam de cuidados complexos e monitorização continua. Caracterizada por ser um ambiente inóspito, com ruídos, alarmes, iluminação constante,realização de procedimentos invasivos e movimentação de profissionais torna-se ainda mais depressor e estressor ao paciente. Sabe-se, entretanto que existe uma grande diversidade entre UTIs no que se refere aos recursos estruturais.
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é específica para o tratamento de clientes graves que exige um tratamento intensivo e ininterrupto. Com ênfase na dinâmica e rotinas das UTIs, a cooperação e interação na busca do entendimento e se fazer entender, requer esforços e autoconhecimento entre os colaboradores da equipe em todos os turnos, gerando ou desencadeando mudanças no processo comportamentais e atitudes (Batista, et al, 2007).
Essa especificidade do cuidado exige da equipe de enfermagem alto padrão de conhecimento técnico e científico, além disso, deve ser provida de adequada estrutura física, recursos materiais para a implantação de uma assistência de qualidade, bem como recursos humanos adequados quantitativa e qualitativamente. (ANDOLHE, PADILHA 2012).
A estrutura das Unidades de Terapia Intensiva cada vez mais burocratizada e despersonalizada deixa os pacientes à mercê de estranhos cujas funções e papéis desconhecem, de aparelhos e testes de rotina desconectados de seus hábitos, tornando-o somente um paciente amais, outra patologia, outro prontuário, descartando sua identidade para tornar-se um paciente.(WALDOW,1995).
Na maioria das vezes, os profissionais de enfermagem direcionam o cuidado para o modelo biomédico, ou seja, na patologia, postergando outros aspectos relevantes que interferem no processo da doença. Sendo o hospital um local repleto de equipamentos de alta tecnologia, não é raro defrontar com excelentes técnicos, conhecedores exímios de aparelhos que eles manipulam com maestria, mas parecendo calouros na arte de confortar, de ir ao encontro das pessoas sofredoras que perdem sua identidade e são identificadas friamente como um caso ou como um número(HAYASHI & GISI, 2000).
O cuidado de enfermagem prestado nas unidades de terapia intensiva, de certa forma, é paradoxal.
Em algumas situações, é preciso provocar dor, para que se possa recuperar e manter avida. Em outras, não se pode falar, apenas cuidar de uma pessoa que não dá sinais de estar sendo percebida como pessoa. O cuidado, num caso desses, parece não implicar uma relação de troca,devido à imobilidade ou falta de diálogo e interação com o outro. Sendo assim, é possível pensar que exista, na profissão de enfermagem, uma robotização/mecanização das ações e práticas de cuidado (SOUZA,2000).
O profissional enfermeiro dotado de conhecimento técnico cientifico deve fazer valer as práticas éticas e bioéticas respeitando o doente com seus valores, crenças, princípios éticos e morais e a autonomia. A dor e o sofrimento devem sem minimizados utilizando todos os recursos disponíveis.
Artigo Original: O PAPEL DO ENFERMEIRO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DIANTE DE NOVAS TECNOLOGIAS EM SAÚDE
Autores: Janaina Daniel Ouchi, Ana Paula Rodrigues Lupo, Bianca de Oliveira Alves, Renato Vasques Andrade, Michele Bueno Fogaça.