A assistência em anticoncepção pressupõe a oferta de todas as alternativas de métodos anticoncepcionais aprovadas pelo Ministério da Saúde. Pressupõe, ainda, o devido acompanhamento clínico-ginecológico à usuária, independentemente do método escolhido.
Na decisão sobre o método anticoncepcional a ser usado devem ser considerados os seguintes aspectos:
- A escolha da mulher, do homem ou do casal.
- Características dos métodos.
- Fatores individuais e situacionais relacionados aos usuários do método.
Características dos métodos:
- Eficácia.
- Efeitos secundários.
- Aceitabilidade.
- Disponibilidade.
- Facilidade de uso.
- Reversibilidade.
- Proteção às Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e infecção pelo HIV.
Eficácia
Todos os métodos anticoncepcionais apresentam uma taxa de falha calculada com o número de gestações não desejadas entre os usuários de um determinado método anticoncepcional nos primeiros 12 meses de uso.
Dessa forma, duas taxas podem ser encontradas para cada método: uma mostra a taxa de falha entre os usuários de uma forma geral de uso, isto é, sem considerar todas as dificuldades que possam ter sido encontradas durante o uso (uso habitual).
Outra taxa é aquela que considera apenas os usuários que fizeram o uso correto e consistente do método escolhido (uso correto).
Efeitos secundários
A inocuidade, ou seja, a ausência de quaisquer efeitos secundários adversos, seria condição ideal, ainda não conseguida nos anticoncepcionais até os dias atuais.
Por outro lado, é também verdade que determinados métodos ocasionam mais efeitos secundários adversos que outros, sendo direito do usuário ser corretamente informado a respeito dessas diferenças.
Além disso, o profissional de saúde deve estar capacitado para prevenir e tratar tais efeitos, assim como avaliar os riscos que o uso de determinados métodos possam acarretar à saúde.
Aceitabilidade
A aceitação do método, o grau de confiança que nele se tem, a motivação para seu uso e uma correta orientação do profissional de saúde são importantes fatores para o sucesso do método escolhido. Por outro lado, a inadaptação psicológica e cultural a determinado método pode ser a maior causa de seu fracasso ou de mudança para outro método.
Disponibilidade
O acesso gratuito aos métodos anticoncepcionais é condição fundamental para que a escolha do método se realize livremente, sem restrições. Isso é particularmente importante considerando-se que grande parte da população não tem condição de pagar pelo método.
Assim, nas situações em que a oferta de determinado método não seja possível, é da maior importância considerar o seu custo, avaliando a possibilidade da usuária arcar com ele.
Obviamente, isso só é válido para os métodos não existentes nos serviços de saúde da rede pública, pois nenhum profissional ou serviço pode cobrar da usuária qualquer tipo de honorário, ou taxa por métodos, ou procedimentos visando a sua colocação, ou realização.
Facilidade de uso
De nada adiantará a indicação de um método que tenha todas as qualidades anteriormente descritas se sua utilização for difícil, complexa ou não assimilada por grande parte da população.
No entanto, é igualmente verdade que a maioria das dificuldades relacionadas ao uso do método podem ser resolvidas com o adequado suporte do profissional de saúde.
Reversibilidade
O ideal é que os métodos anticoncepcionais sejam completa e imediatamente reversíveis, e que uma vez interrompido seu uso, haja recuperação total da fertilidade correspondente à faixa etária da usuária.
Proteção às Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e Infecção pelo HIV
A ocorrência de casos de infecção pelo HIV traz consequências para o exercício da sexualidade e da reprodução e produz uma série de desafios e desdobramentos para a área da saúde reprodutiva e sexual.
Torna-se urgente estimular a prática da dupla proteção, ou seja, a prevenção simultânea das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), inclusive a infecção pelo HIV/AIDS, e da gravidez indesejada. Isso pode se traduzir no uso dos preservativos masculino e feminino ou na opção de utilizá-los em associação a outro método anticoncepcional da preferência do indivíduo ou casal.
Nesse sentido, é de fundamental importância que os profissionais de saúde conversem com o indivíduo ou casal sobre IST e AIDS, propiciando assim percepção a respeito de situações de risco para essas infecções e uma reflexão sobre a necessidade de sua prevenção, favorecendo a adesão ao uso do preservativo.
Considerando o fato de existirem os recursos disponíveis para tratamento ou controle de IST e AIDS, o diagnóstico para essas infecções deve ser oportunizado e garantido também nos serviços de planejamento familiar.
Fatores individuais relacionados aos usuários do método
- Condições econômicas.
- Estado de saúde.
- Características da personalidade da mulher e/ou do homem.
- Fase da vida.
- Padrão de comportamento sexual.
- Aspirações reprodutivas.
- Fatores outros, como medo, dúvidas e vergonha.
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