Infecção do Trato Urinária na Gravidez - ITU

Infecção do Trato Urinária na Gravidez – ITU

Atualizado em 08/04/2023 às 09:04

A Infecção do Trato Urinária (ITU), é comum em mulheres jovens e representa a complicação clínica mais frequente na gestação. Dois a 10% das gestantes apresentam bacteriúria assintomática, com 25 a 35% desenvolvendo pielonefrite aguda.

A gestação ocasiona modificações, algumas mediadas por hormônios que favorecem as ITU: estase urinária pela redução do peristaltismo ureteral, aumento da produção de urina, glicosúria e aminoacidúria favorecendo o crescimento bacteriano e infecções.

Os microorganismos envolvidos são aqueles da flora perineal normal, principalmente a Escherichia coli, que responde por 80 a 90% das infecções. Outros gram negativos, como Klebsiela, Enterobacter e Proteus, respondem pela maioria dos outros casos, além do enterococo e do estreptococo do grupo B.

A bacteriúria assintomática é a mais frequente, sendo que as infecções sintomáticas poderão acometer o trato urinário inferior (cistites) ou, ainda, o trato superior (pielonefrite).

BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA

É definida como a condição clínica de mulher assintomática que apresenta urocultura positiva, com mais de 100 mil colônias por ml. Se não tratada, 25% das mulheres desenvolverão sintomas e progressão para pielonefrite.

Outras complicações são trabalho de parto prematuro (TPP), anemia e restrição do crescimento intra-uterino (RCIU). O rastreamento da bacteriúria assintomática deve ser feito obrigatoriamente pela urocultura, já que na maior parte das vezes o sedimento urinário é normal.

O tratamento pode ser realizado, preferencialmente, guiado pela suscetibilidade no antibiograma, com um dos seguintes esquemas terapêuticos:

• Sulfametoxazol/trimetropim (800/160mg), 1 comprimido, via oral, duas vezes ao dia, por três dias;

• Amoxicilina 500mg, via oral, três vezes ao dia, por três dias;

• Ampicilina 2g/dia, via oral, por dez dias (1 drágea de 500mg de 6/6h);

• Cefalosporina 2g/dia, via oral, por dez dias (1 drágea 500mg de 6/6h);

• Nitrofurantoína 300mg/dia, via oral, por dez dias (1 comprimido 100mg de 8/8h).

O controle do tratamento deve ser realizado com urocultura de três a sete dias após o término do tratamento.

CISTITE

É caracterizada pela presença de sintomas clínicos evidentes, como disúria, polaciúria e urgência urinária. A análise do sedimento urinário evidencia, geralmente, leucocitúria e hematúria francas, além do grande número de bactérias.

O tratamento pode ser realizado com as mesmas opções da bacteriúria, sendo iniciado mesmo antes do resultado da urocultura, já que as pacientes são sintomáticas. O controle do tratamento deve ser realizado com urocultura de três a sete dias após o término do tratamento:

• Na presença de duas infecções do trato urinário baixo, a gestante deve manter profilaxia de nova ITU com nitrofurantoína 100mg/dia, ou sulfametoxazol/trimetropim (800/160mg), 1 comprimido/dia, ou amoxicilina 250mg/dia até o fim da gestação e realizar uroculturas de controle a cada seis semanas.

PIELONEFRITE AGUDA

É uma das complicações mais comuns e mais sérias durante a gestação, ocorrendo em 1 a 2% das gestantes. Clinicamente, a sintomatologia é evidente, com febre alta, calafrios e dor na loja renal, além da referência pregressa de sintomas de infecção urinária baixa.

A presença de náuseas e vômitos, além de taquicardia, dispnéia e hipotensão, podem sugerir evolução para quadro séptico. O tratamento inicial deve ser hospitalar. Na suspeita de pielonefrite, a gestante deve ser encaminhada para o hospital de referência.

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