O Coren-SP realizou mais uma Sessão Solene de Desagravo Público na manhã desta sexta-feira (17/12), com o objetivo de se posicionar em defesa de profissionais de enfermagem que foram ofendidos e/ou agredidos física ou verbalmente durante o exercício profissional.
A Sessão Solene foi realizada na plenária do conselho e acompanhada por videoconferência pelos profissionais desagravados, por convidados e pelas conselheiras Eduarda Ribeiro e Márcia Rodrigues. Na plenária, a sessão foi conduzida pelos conselheiros Marcus Vinicius de Oliveira e Fernando Henrique Vieira Santos e acompanhada pelo conselheiro Djalma Vinícius Maiolino de Souza Rodrigues.
A abertura da Sessão Solene foi feita por Eduarda Ribeiro, primeira-secretária do Coren-SP. Eduarda explicou o que é o desagravo público – um dispositivo previsto na Resolução Cofen nº 433/2012 e que é um direito do profissional de enfermagem com registro ativo no Conselho Regional.
“A execução desse tipo de rito é muito importante, sobretudo pela concessão da palavra ao profissional ofendido que tem assim o direito de se expressar após ter sofrido a ofensa ou agressão”, explicou.
Em seguida, os conselheiros Marcus Vinicius e Fernando Henrique procederam à leitura das dez notas de desagravo.
A primeira nota a ser lida foi em defesa da técnica de enfermagem Gabriela Fernandes, que foi agredida verbalmente e ameaçada de morte pela mãe de um paciente pediátrico do Hospital das Clínicas da UNESP de Botucatu, após desentendimento ocorrido em data anterior.
O próximo desagravo foi em defesa da enfermeira Vanessa Rodrigues Chioderoli que foi agredida verbalmente e fisicamente por paciente do Hospital Municipal de Birigui que queria ser tratada em outra unidade hospitalar.
Maria Bárbara Ferreira dos Santos
Já a técnica de enfermagem Maria Bárbara Ferreira dos Santos foi agredida verbal e moralmente por acompanhantes de paciente pediátrico após vacinação na UBS da Sé, na capital.
Em seguida, foi lido desagravo público em defesa da enfermeira Samandha Élide Gagliardi. Samandha exercia sua profissão na Beneficência Portuguesa de São Paulo quando foi agredida verbalmente e ameaçada fisicamente dois médicos da equipe.
Maria de Lurdes Teodoro dos Santos
A técnica de enfermagem Maria de Lurdes Teodoro dos Santos, quinta desagravada da manhã, foi vítima de injúria racial e ofensas por parte de um médico no Hospital Municipal de Diadema, enquanto ambos trabalhavam.
Gisele Ferreira da Silva
A enfermeira Gisele Ferreira da Silva foi desrespeitada e agredida verbalmente por um superior enquanto prestava assistência domiciliar atípica a um paciente no município de Icem.
A sétima Nota de Desagravo lida pelos conselheiros foi em defesa da técnica de enfermagem Eliana Raymundo da Silva. Eliana foi agredida fisicamente, verbalmente e desrespeitada durante um plantão no Hospital Municipal do Tatuapé, onde trabalhava. A responsável pelas agressões foi a mãe de uma paciente.
Eliana participou da Sessão Solene de Desagravo Público por meio de videoconferência e agradeceu o apoio que recebeu do conselho: “Pensei que apenas eu seria desagravada nesta sessão. É triste ver aqui outros profissionais que também passaram por situações parecidas. Fico triste também por ter pedido auxílio para minha chefia e não ter sido atendida a contento”, colocou Eliana.
A enfermeira Eli Ikuta Shimizu também assistiu remotamente à sessão e tomou a palavra após ter sido desagravada. Ela foi acusada falsamente de não ter aplicado a vacina contra a Covid-19 em um idoso, e essa acusação acabou gerando grande repercussão midiática para toda a equipe da UBS Vila das Mercês, na capital.
Parte da equipe da UBS acompanhou o desagravo ao lado de Eli. A profissional fez um discurso emocionado, contando a situação de injustiça que viveu: “Gostaria de agradecer a oportunidade pelo desagravo. Com 36 anos de enfermagem eu nunca havia sofrido uma humilhação como essa, sendo desqualificada em rede social e na imprensa”.
Como consequência da falsa acusação, a população passou a hostilizar a equipe da UBS, o que acabou se tornando uma situação extremamente difícil e desafiadora para Eli e toda a equipe da unidade, ainda mais por ter ocorrido durante a pandemia.
O conselheiro Marcus Vinicius se solidarizou com o depoimento de Eli e reconheceu: “além de me solidarizar, afirmo que o trabalho realizado por vocês, profissionais da Atenção Básica, durante a pandemia, foi heróico”.
A próxima profissional a receber desagravo público foi a técnica de enfermagem Marta de Barros Batista, que trabalhava na ESF 5 Central Sra. Honorino Brito Feliciano na cidade de Teodoro Sampaio, quando foi agredida verbalmente e desrespeitada por paciente durante um atendimento.
A Sessão Solene de Desagravo Público desta sexta-feira foi encerrada com a leitura da Nota de Desagravo em defesa da enfermeira Simone Jacober. Simone dava plantão na UPA Jardim Morada do Sol, em Indaiatuba, quando teve um desentendimento com uma paciente que posteriormente a agrediu e difamou em rede social.
Simone também participou remotamente do evento e teve a oportunidade de agradecer ao conselho pela iniciativa: “É importante limparmos a honra da enfermagem e começarmos a nos defender para que possamos trabalhar com mais segurança”.
No fim da sessão, o conselheiro Fernando Henrique agradeceu a todos os presentes e lamentou ainda existir violência contra os profissionais de enfermagem: “É um problema ainda existir violência contra o profissional de enfermagem. Agradeço à presença de todos nessa sessão e espero que em breve possamos falar sobre temas mais positivos”.
Veja abaixo as Notas de Desagravo Público
Nota de Desagravo em defesa da técnica de enfermagem Gabriela Fernandes
Nota de Desagravo em defesa da enfermeira Vanessa Rodrigues Chioderoli
Nota de Desagravo em defesa da técnica de enfermagem Maria Bárbara Ferreira dos Santos da Silva
Nota de Desagravo em defesa da enfermeira Samandha Élide Gagliardi
Nota de Desagravo em defesa da técnica de enfermeira Maria de Lurdes Teodoro dos Santos
Nota de Desagravo em defesa da enfermeira Gisele Ferreira da Silva
Nota de Desagravo em defesa da técnica de enfermagem Eliana Raymundo da Silva
Nota de Desagravo em defesa da enfermeira Eli Ikuta Shimizu
Nota de Desagravo em defesa da técnica de enfermagem Marta de Barros Batista
Nota de Desagravo em defesa da enfermeira Simone Jacober
Fonte: Conselho de Enfermagem de São Paulo – Coren-SP