Última atualização: 18/01/2025
A inflamação do músculo do coração, diagnosticada recentemente no jogador de futebol Paulo Henrique Ganso, reacende debates sobre os riscos e desafios da miocardite em atletas de alta performance.
Em exames realizados durante a pré-temporada do Fluminense, o jogador Paulo Henrique Ganso foi diagnosticado com miocardite, uma inflamação do miocárdio. Essa condição pode ser causada principalmente por infecções virais, mas também por bactérias, fungos, protozoários ou até substâncias químicas, como drogas e anabolizantes. No caso de Ganso, o clube revelou que o diagnóstico está relacionado a uma gripe severa sofrida pelo atleta no final do ano anterior.
Entendendo a miocardite
A miocardite ocorre quando o músculo cardíaco sofre inflamação, levando a inchaço e alterações no funcionamento elétrico do coração. Isso pode resultar em sintomas graves, como arritmias, insuficiência cardíaca e, em casos extremos, morte súbita.
De acordo com especialistas, a baixa imunidade em atletas de alta performance é um dos fatores que facilita o desenvolvimento da miocardite. O esforço físico intenso, típico de treinamentos de alto nível, pode reduzir a capacidade do corpo de combater infecções, permitindo que vírus invadam as células cardíacas. Estudos indicam que entre 7% e 13% das pessoas infectadas por vírus podem desenvolver a condição.
Sintomas e diagnóstico
Os sintomas mais comuns incluem dor no peito, palpitações, cansaço excessivo, falta de ar e elevação da frequência cardíaca basal. Em casos mais graves, pode ocorrer insuficiência cardíaca. No entanto, muitos pacientes, incluindo atletas, podem ser assintomáticos, o que aumenta a importância de exames preventivos regulares.
No caso de Ganso, a miocardite foi detectada em exames de rotina, sem a presença de sintomas, destacando a relevância do acompanhamento médico contínuo em atletas de elite.
Riscos e tratamento
Se não tratada, a miocardite pode ter consequências fatais, como insuficiência cardíaca crônica ou arritmias graves. O tratamento inicial envolve repouso absoluto e medicamentos anti-inflamatórios. Para atletas, recomenda-se a interrupção completa de atividades físicas por pelo menos três meses, com reavaliações periódicas para monitorar a recuperação.
“É essencial que o coração volte ao tamanho normal e funcione corretamente antes de o paciente retomar as atividades físicas. Isso exige acompanhamento médico rigoroso e uma série de exames cardiológicos”, explica o cardiologista Mateus Freitas Teixeira.
Prevenção e conscientização
A principal medida preventiva contra a miocardite é evitar infecções virais. Manter o calendário vacinal atualizado, especialmente com a vacina contra a gripe, é fundamental. Para atletas, o descanso adequado durante períodos de infecção é crucial para evitar complicações.
Especialistas alertam que negligenciar sintomas de infecções comuns, como gripes, pode abrir caminho para complicações sérias. Por isso, é importante que tanto profissionais quanto amadores diminuam a intensidade dos treinos e respeitem os sinais do corpo.
Impacto no esporte
A condição de Ganso ilustra os desafios enfrentados por atletas que lidam com diagnósticos graves. Embora o tratamento adequado possa permitir o retorno às competições, o impacto psicológico e físico não deve ser subestimado. Além disso, o caso destaca a necessidade de maior conscientização sobre a saúde cardiovascular no esporte.
A miocardite é uma condição séria que requer atenção imediata e tratamento rigoroso. O caso de Paulo Henrique Ganso não apenas traz luz à importância do diagnóstico precoce, mas também reforça a necessidade de medidas preventivas, tanto no esporte quanto na saúde pública. Ver O ECG em Atletas.