Surto de febre Oropouche alerta o Brasil

Última atualização: 30/01/2025

O Brasil enfrenta um aumento expressivo de infecções pela febre Oropouche, com 2.791 registros confirmados nas primeiras quatro semanas de 2025. O estado do Espírito Santo concentra 95% das ocorrências (2.652 casos), seguido por Rio de Janeiro (99), Minas Gerais (30), Paraíba (7) e Ceará (1). A doença, causada por um arbovírus do gênero Orthobunyavirus, preocupa autoridades sanitárias devido ao potencial de complicações graves e à falta de imunidade populacional.

Origem e transmissão: doença emergente em áreas urbanas

Identificado pela primeira vez no Brasil em 1960, durante a construção da rodovia Belém-Brasília, o vírus Oropouche circula em ciclos silvestres e urbanos. Enquanto bichos-preguiça e primatas são hospedeiros naturais, o mosquito Culicoides paraensis (conhecido como maruim ou mosquito-pólvora) é o principal vetor em ambientes rurais. Nas cidades, o pernilongo comum (Culex quinquefasciatus) também transmite o patógeno, facilitando a disseminação em áreas densamente povoadas.

Sintomas e riscos: semelhanças com a Dengue escondem perigos

A febre Oropouche apresenta sintomas que podem ser confundidos com os da dengue, como febre súbita, dores intensas de cabeça, musculares e articulares, além de náuseas e vômitos. Entretanto, casos graves podem evoluir para meningite asséptica, meningoencefalite ou manifestações hemorrágicas, principalmente em pacientes imunocomprometidos. Em 2024, a Bahia registrou as primeiras mortes globais pela doença: duas mulheres jovens, sem comorbidades, faleceram nos municípios de Valença e Camamu.

Gestantes em alerta: possível ligação com Microcefalia

Estudos preliminares indicam que a infecção por Oropouche em gestantes pode estar associada a casos de microcefalia em recém-nascidos, semelhante ao observado com o vírus Zika. A hipótese reforça a necessidade de acompanhamento rigoroso em regiões endêmicas, especialmente no Nordeste e Sudeste, onde o vetor urbano está mais presente.

Vigilância Sanitária: estratégias para conter o avanço

O Ministério da Saúde monitora a expansão do surto e recomenda medidas preventivas, como uso de repelentes, telas em janelas e eliminação de criadouros de mosquitos. Apesar da ausência de vacina, o diagnóstico precoce por testes sorológicos é essencial para evitar complicações. Autoridades também investigam se mudanças climáticas e desmatamento estão impulsionando a proliferação dos vetores.

Contexto global: arboviroses em ascensão

A febre Oropouche integra um cenário preocupante de doenças transmitidas por mosquitos no país, ao lado da dengue, Zika e chikungunya. Especialistas alertam que a urbanização desordenada e a adaptação de vetores a novos habitats ampliam os riscos de epidemias. Enquanto isso, a população capixaba vive sob alerta, com postos de saúde reforçando atendimentos para casos suspeitos. Ver também Febre-Amarela: Sintomas, riscos e a importância de estar imunizado.

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