avaliação do recém-nascido no parto e nascimento

Avaliação da vitalidade do Recém-Nascido

O nascimento é um momento crítico na vida. Cerca de 90% dos Recém-nascidos (RNs), não necessitaram de algum tipo de manobra de reanimação.

A Escala de Apgar permite avaliar a resposta do Recém-Nascido (RN) nos primeiros minutos de vida e pode auxiliar para tomada de decisão de intervenção de acordo com a pontuação obtida na Escala de Apgar.

Imediatamente após o nascimento, a necessidade de reanimação depende da avaliação rápida
de quatro situações referentes à vitalidade do concepto, sendo feitas as seguintes perguntas:

• Gestação a termo?
• Ausência de mecônio?
• Respirando ou chorando?
• Tônus muscular bom?

Se a resposta é sim a todas as perguntas, considera-se que o RN está com
boa vitalidade e não necessita de manobras de reanimação.

A determinação da necessidade de reanimação e a avaliação de sua eficácia dependem da
avaliação simultânea de dois sinais:
• Respiração.
• Frequência cardíaca (FC).

A Frequência cardíaca é o principal determinante da decisão de indicar as diversas manobras de reanimação.
Logo após o nascimento, o recém-nascido deve respirar de maneira regular e suficiente para manter a FC acima de 100 bpm. A FC é avaliada por meio da ausculta do precórdio com estetoscópio, podendo eventualmente ser verificada pela palpação do pulso na base do cordão umbilical. Tanto a ausculta precordial quanto a palpação do cordão podem subestimar a FC.

A avaliação da coloração da pele e das mucosas do RN não é mais utilizada para decidir procedimentos na sala de parto. Estudos têm mostrado que a avaliação da cor das extremidades, do tronco e das mucosas é subjetiva e não tem relação com a saturação de oxigênio ao nascimento.

Além disso, RN com esforço respiratório e FC adequados podem demorar alguns minutos para ficarem rosados. Nos RNs que não precisam de procedimentos de reanimação ao nascer, a saturação de oxigênio com um minuto de vida situa-se ao redor de 60% – 65%, só atingindo valores de 87% – 92% no quinto minuto de vida.

O processo de transição para alcançar saturação de oxigênio acima de 90% requer cinco minutos ou mais em RNs saudáveis que respiram ar ambiente.

A Escala de Apgar não deve ser utilizado para determinar o início da reanimação nem as manobras a serem instituídas no decorrer do procedimento. No entanto, sua aferição longitudinal permite avaliar a resposta do RN às manobras realizadas e a eficácia dessas manobras. Se o escore é inferior a sete no quinto minuto, recomenda-se sua aplicação a cada cinco minutos, até 20 minutos de vida.

Enfatiza-se que, apesar da subjetividade e da dificuldade em aplicá-lo em RN sob ventilação, o acompanhamento dos escores de Apgar em uma instituição permite identificar a necessidade de implementar programas educacionais e melhoria no cuidado perinatal, além de verificar o impacto das intervenções na qualidade do serviço. É necessário que a documentação do escore de Apgar seja concomitante à dos procedimentos de reanimação executados, em formulário específico.

Sinal0 ponto1 ponto2 pontosAvaliação feita
no primeiro minuto
de vida (1 min)
Frequência
Cardíaca FC
Ausente<100 bpm>100 bpm
Esforço
Respiratório FR
AusenteIrregularRegular
Tônus
Muscular
Flacidez totalAlguma flexão
extremidades
Boa
movimentação
Irritabilidade
Reflexa
AusenteAlguma
reação
Espirros
Cor do RNCianose/
palidez
cutânea
Corpo róseo
Extremidades
cianóticas
Corpo e
extremidades
róseos
Total dos pontos
Escala de Apgar – Avaliação do recém-nascido quanto à sua vitalidade

Assistência ao RN a termo com boa vitalidade ao nascer

Se, ao nascimento, verifica-se que o RN é a termo, está respirando ou chorando e com tônus muscular em flexão, sem a presença de líquido amniótico meconial, a criança apresenta boa vitalidade e não necessita de qualquer manobra de reanimação.

Três metanálises recentes com vários ensaios clínicos randomizados, além de um estudo nacional,18 concluíram que o clampeamento em tempo oportuno do cordão umbilical é benéfico em comparação ao clampeamento imediato com relação aos índices hematológicos na idade de 3 a 6 meses.

O RN a termo com boa vitalidade deve ser secado e posicionado sobre o abdome da mãe ou ao nível da placenta por, no mínimo, um minuto, até o cordão umbilical parar de pulsar (aproximadamente três minutos após o nascimento), para só então realizar-se o clampeamento.

Após o clampeamento do cordão, o RN poderá ser mantido sobre o abdome e/ou tórax materno, usando o corpo da mãe como fonte de calor, garantindo-se que o posicionamento da criança permita movimentos respiratórios efetivos. O contato pele a pele imediatamente após o nascimento, em temperatura ambiente de 26º C, reduz o risco de hipotermia em RNs a termo que nascem com respiração espontânea e que não necessitam de ventilação, desde que cobertos com campos preaquecidos. Nesse momento, podem-se iniciar a amamentação.

A Organização Mundial da Saúde recomenda que o aleitamento materno seja iniciado na primeira hora de vida, pois está associado à menor mortalidade neonatal, ao maior período de amamentação, à melhor interação mãe-bebê e ao menor risco de hemorragia materna.

Após a realização dos cuidados de rotina na sala de parto, o RN, em boas condições clínicas, deve ser encaminhado com a mãe ao alojamento conjunto.

Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido : guia para os profissionais de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – 2. ed. atual. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014

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