Rede de assistência ao RN operando a vigilância em saúde

Rede de assistência ao RN operando a vigilância em saúde

Atualizado em 15/03/2023 às 10:35

O termo Recém-Nascido (RN) de risco se refere àquele exposto a situações em que há maior risco de evolução desfavorável.

Essas situações devem ser prontamente reconhecidas pela equipe de saúde, por demandarem atenção especial e prioritária. Essas situações podem estar presentes no nascimento – RN de alto risco ao nascer – ou acontecer ao longo da vida da criança.

O atendimento à gestante, à puérpera e ao recém-nascido (RN) deve ser priorizado com acolhimento, avaliação de risco e vigilância à saúde pelos serviços de saúde.

Critérios para identificação do RN de risco

A Agenda de Compromissos para a Saúde Integral da Criança e a Redução da Mortalidade Infantil0 sugere os seguintes critérios para identificação do RN de risco:

  • Baixo nível socioeconômico.
  • História de morte de criança menor de 5 anos na família.
  • Criança explicitamente indesejada.
  • Mãe adolescente (<20 anos).
  • RN pré-termo (<37 semanas).
  • RN com baixo peso ao nascer (<2.500 g).
  • Mãe com baixa instrução (<oito anos de estudo)

Condições de risco adquiridas ao longo da vida, como desnutrição e internações de repetição, por exemplo, devem ser consideradas pela atenção básica para vigilância em saúde da criança.

Critérios para identificar o RN de alto risco

O RN de alto risco merece ainda maior destaque, pois, além da necessidade de cuidados pela equipe da atenção básica de saúde, com muita frequência demanda atendimento especializado por profissionais habilitados. Essas crianças devem ser seguidas preferencialmente nos ambulatórios de acompanhamento do RN de alto risco, além do acompanhamento pela atenção básica, conforme a rede de atenção regionalizada.

Sugerem-se os seguintes critérios para identificar o RN de alto risco:

  • RN com asfixia grave ao nascer (Apgar <7 no 5o min).
  • RN pré-termo com peso ao nascer <2.000 g.
  • RN <35 semanas de idade gestacional.
  • RN com outras doenças graves.

É fundamental a interlocução entre os serviços de saúde em todos os níveis de complexidade, acordos para o funcionamento dos serviços e definição de atribuições e responsabilidades dos profissionais. Só assim será possível uma atenção integral que garanta a continuidade da assistência, otimizando recursos e provendo atenção resolutiva com potencial de redução da mortalidade por causas evitáveis e sequelas que podem comprometer a vida das crianças e suas famílias.

A definição do fluxo para assistência dessa população é fundamental para orientar a prestação de serviços na rede de saúde.

Princípios assistenciais da linha de cuidado perinatal

  • Qualidade, integralidade, resolutividade e continuidade do cuidado, com responsabilização até a resolução completa dos problemas.
  • Promoção de vínculo entre o profissional e o usuário do sistema de saúde, estreitando as relações de confiança e de corresponsabilidade, incentivando o autocuidado e o reconhecimento de risco.
  • Prática de ações de promoção integral da saúde e prevenção de agravos, para além do atendimento apenas às demandas colocadas.
  • Integração da rede de saúde e outros setores de assistência e desenvolvimento social para incremento das condições de vida da família.
  • Acolhimento. Todo recém-nascido (RN) e gestante com intercorrências e/ou em trabalho de parto devem ter prioridade no atendimento. Devem ser acolhidos, avaliados e assistidos em qualquer ponto de atenção na rede de saúde onde procuram assistência, seja a unidade básica de saúde, o serviço de urgência, a maternidade ou o hospital, de modo a não haver perda de oportunidade de se prover cuidados adequados a cada caso. Deve ser avaliada a necessidade de realização de algum tratamento, internação e/ou transferência responsável para serviço de maior complexidade, quando necessário. A peregrinação de gestantes e de mães com seus RNs em busca de assistência não é infrequente. A vigilância dos óbitos infantis no País aponta que muitas vezes a gestante e o RN passam pelo serviço de saúde durante a doença que levou à morte e não obtêm a resposta apropriada e em tempo oportuno. Muitas vezes as unidades de saúde encaminham a criança à maternidade onde nasceu, alegando não ser de sua responsabilidade, o seu atendimento e vice-versa, perdendo a oportunidade de intervenção e expondo-a a riscos desnecessários. Acolher o RN e a gestante e responder qualificadamente é um compromisso de todo profissional e serviço de saúde para a prevenção da morbidade e de mortes infantis evitáveis.
  • Abordagem de risco garante que a atenção adequada – imediata e continuada – seja destinada a cada criança e mulher, sem perda de oportunidade de ação da saúde.
  • Vigilância à saúde, compreendida como a postura ativa que o serviço deve assumir em situações de maior risco, dirigida a pessoas com maior vulnerabilidade, desencadeando ações estratégicas como a busca ativa, para minimizar os danos com o adequado acompanhamento de saúde.

Saiba mais sobre Saúde do Recém-nascido

Referência:

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido : guia para os profissionais de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – 2. ed. atual. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014

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