Massagem cardíaca no Recém-Nascido RN

Massagem cardíaca no Recém-Nascido RN

Atualizado em 15/03/2023 às 03:45

A ventilação adequada reverte o quadro de asfixia no recém-nascido na grande maioria dos casos.

A asfixia pode desencadear vasoconstrição periférica, hipoxemia tecidual, diminuição da contratilidade miocárdica, bradicardia e, eventualmente, parada cardíaca. A ventilação adequada reverte esse quadro na grande maioria dos casos. Deve-se lembrar que, como a massagem cardíaca diminui a eficácia da ventilação, ela só deve ser iniciada quando a expansão e a ventilação pulmonares estiverem bem estabelecidas.

A massagem cardíaca só deve ser iniciada se, após 30 segundos de
ventilação com oxigênio suplementar, o RN apresentar ou persistir com Frequência Cardíaca (FC)
inferior a 60 bpm.

A compressão cardíaca é realizada no terço inferior do esterno (osso), preferencialmente por meio da técnica dos dois polegares posicionados logo abaixo da linha intermamilar, poupando-se o apêndice xifoide. De modo eventual, podem-se aplicar a técnica dos dois dedos, posicionando-se os dedos indicador e médio no terço inferior do esterno, quando houver desproporção entre o tamanho das mãos do reanimador e do tórax do RN ou houver necessidade de cateterismo umbilical.

As complicações da massagem cardíaca incluem fratura de costelas, com pneumotórax e hemotórax, e laceração de fígado.

A profundidade da compressão deve ser de cerca de 1/3 da dimensão ântero-posterior do tórax, de maneira a produzir um pulso palpável. Essa manobra deve ser suave, com o tempo de compressão discretamente inferior ao de relaxamento. A massagem cardíaca deve ser sempre acompanhada de ventilação com pressão positiva com oxigênio suplementar.

No RN, a massagem cardíaca e ventilação são realizadas de forma sincrônica, mantendo-se uma relação de 3:1, ou seja, 3 movimentos de massagem cardíaca para 1 movimento de ventilação, com uma frequência de
120 eventos por minuto (90 movimentos de massagem e 30 ventilações).

A massagem deve continuar enquanto a FC estiver inferior a 60 bpm

Com a melhora do RN, isto é, quando, após ventilação acompanhada de massagem cardíaca, ele apresentar FC acima de 60 bpm, interrompe-se apenas a massagem. Caso existam respirações espontâneas regulares e a FC atingir níveis superiores a 100 bpm, a ventilação também é suspensa, sendo então administrado oxigênio inalatório através de cateter, com retirada gradual conforme a saturação de O₂ verificada na oximetria de pulso.
Em geral, quando o RN recebeu massagem cardíaca na sala de parto, é mais prudente transportá-lo intubado à UTI Neonatal em incubadora de transporte, sendo a decisão quanto à extubação realizada segundo a avaliação global do RN na unidade.

Medicações utilizadas na massagem no RN

A bradicardia neonatal é, em geral, resultado de insuflação pulmonar insuficiente e/ou de
hipoxemia profunda. Dessa maneira, a ventilação adequada é o passo mais importante para corrigir a bradicardia.

Quando a FC permanecer abaixo de 60 bpm a despeito de ventilação efetiva e de massagem cardíaca adequada, o uso de adrenalina, expansor de volume ou ambos está indicado.

Medicações para reanimação do recém-nascido na sala de parto

A diluição, o preparo, a dose e a via de administração dessas medicações estão descritas no Quadro a seguir.

Medicações para reanimação do recém-nascido na sala de parto
Tabela Medicações para reanimação do recém-nascido na sala de parto

A via preferencial para a infusão de medicações na sala de parto é a endovenosa, sendo a veia umbilical de acesso fácil e rápido. O cateter venoso umbilical deve ser inserido apenas 1 – 2 cm após o ânulo, mantendo-o periférico de modo a evitar a sua localização ao nível hepático. A administração de medicações por via traqueal só pode ser usada para a adrenalina, uma única vez, sabendo-se que a absorção por via pulmonar é lenta e imprevisível.

Uso da adrenalina

A adrenalina está indicada quando a ventilação adequada e a massagem cardíaca efetiva não elevaram a FC acima de 60 bpm. Recomenda-se sua administração por via endovenosa na dose de 0,01 – 0,03 mg/kg. Enquanto o acesso venoso está sendo obtido, pode-se administrar uma única dose de adrenalina (0,05 – 0,1mg/kg) por via traqueal, mas a segurança e a eficácia dessa prática não foram estudadas.

É importante lembrar que doses elevadas de adrenalina (>0,1 mg/kg) não devem ser empregadas, ao acarretarem hipertensão arterial grave, diminuição da função miocárdica e piora do quadro neurológico.

A adrenalina deve ser sempre usada na diluição de 1:10.000. Quando não há reversão da bradicardia com o uso de adrenalina, podem-se repeti-la a cada 3 – 5 minutos (sempre por via endovenosa) e considerar uso de expansores de volume, caso o RN esteja pálido ou existam evidências.

Os expansores de volume podem ser necessários para reanimar o RN com hipovolemia. A suspeita é feita se houver perda de sangue ou se existirem sinais de choque hipovolêmico, como palidez, má perfusão e pulsos débeis, e não houver resposta adequada da FC às outras medidas de reanimação.

Com o uso do expansor, espera-se o aumento da pressão arterial e a melhora dos pulsos e da palidez. Se não houver resposta, devem-se verificar a posição da cânula traqueal, o uso do oxigênio a 100%, a técnica da ventilação e da massagem e a permeabilidade da via de acesso vascular.

Vale lembrar que apenas um RN em cada mil requer procedimentos avançados de reanimação (intubação, massagem e medicações), quando a ventilação com pressão positiva é aplicada de maneira rápida e efetiva no RN que tem dificuldades na transição da vida intra para a extrauterina.

Referência:

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – 2. ed. atual. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014

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